A(r)mação

Não sei porque mas você me ama só de manhã, você ama descompassado, intenso fraco, presente, ausente, mas você ama, e isso já tem muito tempo, e eu ainda posso querer mais dessa vida, aprendi isso com um samba, um que mecheu com o meu dia.
Hoje eu senti saudades como quando era criança, "Çaudade", com cedilha, pra ser desprendida de qualquer forma, moral, regra. E senti saudades de um lugar, o mesmo que tão distante que é parece que fui em outra vida. E não adianta foto, é pior.
Hoje de manhã você teve devaneios, dos quais eu tenho medo, e , ultimamente eu só escrevo pensando nisso, nas suas novas manias, nos seus trejeitos, na sua nova moda de falar com os mortos, de agradecer a Deus em voz alta. Você fica se lembrando de mim em outros tempos, e isso, por mais bonito ou poético que seja, já se passou, não existe mais. Passou mesmo, de vez, e eu só carrego a suas lembranças no meu corpo, e internamente, por fora não. Hoje eu me lembrei do dia que você morreu mais, e depois lembrei do jeito como veio morrendo ao longo da vida, e ainda morre, um pouco a cada dia, mas, como falta muito pouco pra morte completa, eu já te considero ausente da realidade normal. Você é absurda demais, em todas as horas do dia. Onde você se escondeu essa semana?