Sunday, January 28, 2007

Começa com a letra...


Eu quis te escrever essa hora pois foi assim que eu me lembrei de você,
longe e frio,
da janela de única luz acessa,
pensei nos seus pequenos pertences,
pentes, cremes,
suas mãos pequenas, que a muito tempo não me pegam com dedicação.
Eu pensei até na sua morte, tão próxima, vê se pela idade.
Pele enrrugada, mal humor,
não morde, não brinca, não grita,
e só percebeu que não gritava quando já não tinha mais voz.
Tem filhos idiotas, que nunca leram os clássicos.
Eu queria lembrar de você com uma música ao fundo,
música com piano, lembrar de
balanço, vestidinho branco de batizado,
mas não, lembro de coisas assustadoras,
modernas,
telefone, mouse, home page.

Eu não sei me calar,
porque não sei te calar,
e se você se cala,
seria uma alegria infindável.
Te amo,
e nunca digo.

Sunday, January 21, 2007

Pineapple



Com toda sua boa vontade,
Você se dispôs a descascar aquela fruta,
Pra nos oferecer,
Doce e ácida,
Pra nos escorrer entre os dentes de turistas.
Mas você não foi visto,
E agora vira isso,
Porque sua cara não saiu da minha cabeça,
Virou poema de blog,
Virou fruta, com nome em língua estrangeira,
Porque nunca vi coisa parecida,
Em língua portuguesa.

Sunday, January 14, 2007

Sigur ros à beira mar


Eu tenho um amigo (posso até deixar um depoimento, no orkut, já). Enquanto ele se ocupa em descrever, de forma cômica, sobre o seu carnaval mais esdrúxulo, eu realizei uma vontade dele: “Ah Déborah, faz isso aí, aproveita. E depois me conta se a gente voa”. Trancado em seu mundo de vidro, acabou me sugerindo algo que me fez acreditar que o meu mundo também é de vidro (cristal). Eu ouvi Sigur-ros na praia -mole, norte da ilha, e sim a gente voa. Lá não estava a paz e a tranqüilidade que eu procurava, pra sentir, ir ao inferno e ao céu, como fiquei com vontade, por isso esperei até as seis horas, fui a uma praia naturalista (nudismo opcional). Excluí as mazelas humanas daquele lugar, e aí sim, ouvi sigur ros. Incrível, você tem vontade de caminhar no mar até um lugar que não dê pé, e daí boiar, pra sempre. Eu só sei escrever isso, porque o momento foi só meu, e não cabe a ninguém roubá-lo. Fui para o mirante. Do mirante, a 500 metros da praia, é muito melhor (eu acho que ainda nem voltei de lá), Olhei a lagoa, linda, grande, até comentei: Se fosse pra pintar essa lagoa, a essa hora, gastaria muitas cores, eram 8 horas da noite. Dali sim, encontrei o ambiente que você gostaria de descrever. Então, fica o convite; venha e veja com seus próprios olhos, e voe com sua própria alma, é muito bom voar sobre a lagoa, e entrar em cada barquinho. Eu não sei te contar direito, mas acho que é exatamente como você imaginou quando deu a dica. Muito bom. Tome nota.

P.S: Esqueça esses números e esses lugares. Ouça “glosoli” em uma praia e depois, tente escrever em um blog.