Tuesday, December 12, 2006

_____________ (seu nome).


Eu imaginei você
E suas fases que me incomodariam,
Imaginei seu rosto,
Seu corpo,
Seu cabelo, sobretudo.

Um dia fez frio,
E era julho,
Você encostou seu nariz no meu,
Meu corpo inteiro gelou,
Meu coração empedrou.
E se eu encosto em algo forte,
_______,
Ele se quebra.
Mas eu ando com cuidado,
Não tenho me esbarrado em nada.

Descansa


Encosta agora,
Escora,
Mas não demonstra cansaço,
Encosta sem incomodar,
Demonstra somente seu incômodo.


Eu vou me conformar em não ser completa
Eu vou lhe dizer que não tenho medo.
Eu vou te bater
Te puxar os cabelos,
Fazer cena de feira.

Eu vou rasgar a bíblia,
Mandar uma carta pra alguém,
Eu vou romper.
Eu vou morrer hoje de vez,
Porque venho morrendo um pouquinho a cada minuto,
E está sendo muito cansativo.

Pare agora


Não sei porquê eu paro,
Se é disso que gosto,
Eu gosto da tortura,
Eu gosto do mal estar.

Eu não sei porquê eu paro,
Se o bom é não parar,
Se o bom é continuar,
Eu paro é pra sofrer.

Eu sei porquê eu paro,
Porque a idiotice do momento,
Afoga todo o ser,
Afoga o mundo inteiro.

O erro, os mediadores, e o cuspe.


Identifiquei um erro: é a poesia que bate à porta, é a poesia que grita.
Gritou na Ásia, na África, na Europa saiu do coração dos famintos e dos gulosos, saiu da boca do velho com medo, saiu da boquinha do bebê que acabou de nascer, e chegou aqui. Roubou o ar da sala, roubou o ar dos animais (inclusive o meu). Inspirou alguém, e isso prova que nada sai de onde está pra chegar em lugar nenhum.

Devia ter data,
Pois a data revela que é perecível,
Assim como o incômodo instantâneo de agora.
Não, não são incômodos como o suor,
Que no banho passa.
Não chore menina,
Isso passa,
E você sabe que é logo.

De tão ruim você pensa que é bom,
E de tão inspirador,
Você pensa que sempre vem poesia,
Não vem, menina, não vem.

Lembra que criamos alguém entre nós,
Pra mediar os impulsos,
Pra controlar os desejos
Que não caiam bem,
Eu não caio bem.
Aquele que criamos foi embora pra sempre.
Eu ando gritando,
Mas ele cisma em não ouvir.

Volta, mediador das impulsões,
Como vamos nos controlar agora,
E se tirarmos as roupas?
E se desaforarmos?
E se cuspirmos uns nos outros?
Deixa acontecer, mediador, melhor deixar mesmo,
Quem sabe a graça esteja nesse cuspe,
Que vai escorrer com ódio pela face estúpida,
Quem sabe ele afogue a mesmice.