Tuesday, October 24, 2006

Tristeza e flor no canto


A flor ali,
no canto dela,
aparecendo sem vontade,
sem dom,
sem criatividade,
sem cor interessante.

A outra flor aqui,
sem canto,
desaparecendo por vontade própria,
sem talento,
sem garra,
sem frases para fazer poemas.

Minha flor, flores pra você.
Sem cor, mas flores.

Thursday, October 12, 2006

Luiza quadrada


Eu me assustei com a imagem que Luiza descreveu: A pessoa morta com a mão pra fora da cova! não dá pra acreditar que a mãe dela falava isso mesmo, com o objetivo de fazer com que a menina não pegasse nada "emprestado" das amigas e "esquecesse" de devolver. A vó era pior, disse pra pobre que se ela não desvirasse o chinelo, assim que o visse, a mãe ia morrer logo (e a menina corria pra desvirar os chinelos, pra que a mãe -a ameaçadora- permanecesse viva enquanto existissem chinelos para serem desvirados). Um dia -era tempo de manga- a menina teve vontade de subir no pé e pegar uma fruta sem ser do chão, ela não gostava de frutas que amassavam, aquele pedaço mole, onde a poupa da fruta parecia moído, -ela dizia que amargava- lá veio uma tia (que morava no interior de Minas e tinha vindo para o casamento de um parente): Luiza, vai que você cai desse pé!, já pensou nisso minha fia, que trabái que um ia dá, tem osso que num cola não viu? E Luiza desistia. Queria leite; mas não podia porque ela tinha comido cajá manga, e "isso dá uma indigestão sá". Luiza nunca dormiu sem escovar dentes, nunca escrevia palavras difíceis , pra não tem perigo de erar, nunca nada... Quando viajava pra Brasília era o exemplo das primas: pijamas adequados, meias de dormir, cabelos penteados. Luiza se casou na igreja principal da cidade em que morava,longe do mês de agosto, longe dos dias treze dos meses, marido bacana e advogado, flores do campo. Carregou na barra do vestido o nome de todas as suas primas solteiras, nunca recebeu mal as visitas, trocava os lençois dos quartos duas vezes por semana, tudo assim, quadradinho, meticulosamente calculado. Depois de casada Luiza nunca abriu a geladeira se estivesse "como o sangue quente", nunca viajou sem fazer: em nome do pai, do fiho do espírito santo, amém. Teve um filho, e ensinou pra ele todas as "regras" que aprendeu. Ela nunca fez sexo do jeito que queria, ela se sentia espantada com suas vontades -nem nunca fez do tanto que queria-, seu marido usava meias muito brancas, calças muito bem passadas. E pra quê saber mais de Luiza?
(Agora devo interromper essa história, já está tarde e hoje é sexta feira treze, ainda por cima parece que vai chover).

Wednesday, October 11, 2006

Querer


Hoje
gostaria de ter braços mais compridos,
pra abraçãr o mundo,
abraçar pessoas,
alcançar bem alto!

Gostaria
de ter um coração maior,
pra amar mais gentes,
pra amar maior,
Pra guardar em um lugar distante
as mágoas,
pra catalogar
os amores,
e sentir de tal forma...
e chorar com tal intensidade...

Hoje
gostaria de ter uma confiança maior,
pra que ninguém no mundo pudesse me fazer calar,
pra que ninguém tivesse o direito de me ofender.
Pra que eu pudesse pensar que estou no lugar exato onde deveria estar,
e que somente desse lugar
posso pegar impulso para ir à um lugar mais alto.

Hoje eu queria voar.
Hoje eu queria sentir um clima de natal. Família grande.
Hoje, queria sentir um abraço de gratidão.
Queria ensinar alguem à escrever seu nome,
ou ler, sentido, um poema.

Queria escrever algo onde as pessoas se identifiquem,
onde chorem,
riam,
algo que não seja indiferente a ninguém.

Acho que hoje,
gostaria de ser exatamente o que sou, e ter a mesma ânsia,
de demonstrar, com palavras
os sentimentos que não me deixam ser vazia."

Thursday, October 05, 2006

(re) aparecendo


Amor, apareci só pra lembrar que estou viva. Amor só apareceu pra lembrar que está vivo.

Abelha (A behla)


Well,
Mel?
Fel?
Gel?
Céu?
Hell?

Pontualidade(.).